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Os homens das savanas e dos desertos deram-lhe o apelido de nave do deserto, por sua força e seu jeito balanceado de andar, singrando por entre as dunas de areia. Seu verdadeiro nome é camelo ou gamal, em árabe, palavra que, no seu étimo, significa também beleza ou bondade. Verdadeiramente, uma bela obra da natureza. Um camelo vive em torno de 50 anos. Em sua estatura adulta, ele atinge cerca de 3 / 4 metros de comprimento e 2 / 3 metros de altura, chegando a pesar até 700 kg.
Não é por acaso que os homens do deserto lhe deram o nome gamal (beleza / bondade). Sua sobrevivência pelas dunas, entre os oásis, depende, em grande parte, desse animal. O camelo não apenas transporta seus víveres e os produtos de seu trabalho, mas lhes torna possível a travessia da imensidão sem fim. À sua sombra, protege-se o homem das tempestades de areia e do sol, durante o dia, sob um calor de mais de 45 graus. À noite, quando a temperatura chega a cair abaixo de 0º, o camelo lhe oferece calor, com seu hálito aquecido e a lã de sua pele. Dele ainda, o homem tira o leite que mata a sede e alimenta. O respeito e a gratidão que os homens do deserto devotam ao camelo é tão grande que é assim que se chamam, entre si, carinhosamente, aqueles que se amam: meu amado, minha amada gamal…
Mas a razão maior de seu renome é sua capacidade de caminhar, dias e quilômetros, sob altíssimas temperaturas, sem ingerir água. A natureza o fez assim. Seu aparelho estomacal possui três câmeras, duas das quais dotadas de poderosas células aquíferas, capazes não apenas de retirar líquido das plantas, ramas e ervas deglutidas, mas também aptas a armazenar consideráveis quantidades de água. Em quinze minutos, o camelo é capaz de ingerir cerca de 200 litros de água, quantia suficiente para permanecer por mais que três semanas sem voltar a bebê-la. Em último caso, ele ainda pode, por metabolismo, transformar também em energia e água a gordura (lipídio) armazenada nas duas características corcovas sobre seu dorso. Quinze minutos e está cheio o reservatório para a longa marcha…
Talvez fosse isso, também para nós, suficiente. Quinze minutos de acolhimento em nós do que é essencial e teríamos a energia, a fortaleza e a tenacidade para os caminhos de nossa vida, também eles: compridos e cumpridos, quase sempre, a sol e suor. Quinze minutos, um curto tempo de recolhimento junto às fontes… e estaríamos, também nós, aptos a transpor as dunas e os vales, o calor e o frio, o vazio e a aridez do percurso de nossa vida, sem quebrantar nem sucumbir. É o exemplo do camelo… do qual nós, homens, muito poderíamos aprender.
Frei Prudente Nery – OFMCap.