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27/11/2022 | 1º Domingo do Advento
Primeira Leitura: Isaías 2,1-5
Salmo Responsorial: 121(122)
Segunda Leitura: Romanos 13,11-14
Evangelho: Mateus 24,37-44
Advento: um ir pelas trilhas ao encontro dos braços e do abraço daquele que vem ao nosso encontro, um preparar-nos a nós e ao mundo para que Deus encontre em nós um habitáculo para a sua demora.
Todo peregrinar pressupõe e requer de nós um colocar-se à beira do caminho. Parar… Dar ao corpo repouso… Cuidar das feridas… Descansar os olhos demoradamente sobre o mundo ao redor e sobre si mesmo… E… “se podes olhar, veja; se podes ver, repara”. Como dizia Alberto Caeiro, “O essencial é saber ver, mas isso, triste de nós que trazemos a alma vestida, isso exige um estudo profundo, aprendizagem de desaprender”.
Aprender a ver significa “habituar o olho ao descanso, à paciência, ao deixar aproximar-se-de-si, isto é, capacitar o olho a uma atenção profunda e contemplativa, a um olhar demorado e lento” (HAN, 2017, p. 51). Quem sabe, então, os olhos de nossos olhos se abrem ao “essencial, que é invisível aos olhos”. Mas não ao ver.
Esta atenção contemplativa precisa ser cultivada. Ela brota do e no tempo que lhe oportunizamos. Antes de tudo e por primeiro, precisamos nos permitir parar… Aquietar… Estas paradas são o tempo favorável para nos recolhermos no essencial e indispensável.
Neste mundo, como peregrinos e forasteiros… Os homens e as mulheres de ontem e, também, de hoje representam este processo como caminho. Como ele(a)s, somos também nós peregrino(a)s neste caminho. Este peregrinar é, de modo especial hoje, conhecido como Espiritualidade. A espiritualidade é a expressão do espírito humano, de suas motivações, ideias, utopias e sonhos. É a forma como cultivamos a nossa interioridade, damos consistência e densidade ao horizonte de sentido de nossas vidas.
Estamos nos aproximando de um momento muito especial para milhares de pessoas no mundo inteiro. Para os cristãos, o Sol Invictus é Emmanuel, Deus conosco. A grande luz que iluminou para sempre as sombras de nossas incertezas, angústias e desesperanças.
A festa do Natal nos recorda que, ainda que aparentemente uma tapera velha, este mundo foi escolhido como morada por Deus. Ainda que fracos e vacilantes Deus quis em nós fazer sua morada. E, ao fazê-lo, recordou-nos que, além de um amontoado orgânico de células, a nossa carne é também o olhar, a destreza dos dedos, a generosidade das mãos, a palavra, o ouvir, o bailar, o drible, o saltar, o dobrar os joelhos, o suor, a lágrima, a luta, o afago que se dá e se recebe, o beijo, esta carícia dos corações (Prudente Nery, acervo pessoal).
Por isso, os cristãos vivem de uma espera, a espera de que
Um dia, no ocaso de nosso mundo e na manhã da eternidade, os limites cessarão e os sacramentos já não serão mais necessários, pois veremos a graça, face a face. De igual modo, também conosco. A casca rebentará e, de dentro do ovo, irromperá um pássaro de inimaginável beleza, a totalidade de nossa vida. Para trás ficarão alguns restos (a carnalidade de nosso corpo), já não mais necessários, pois foram apenas o lugar de maturação para o nosso derradeiro fim: a morada de Deus. (Prudente Nery, acervo pessoal).
Nós da Pastoral Universitária PUC Minas São Gabriel, pedimos licença para caminharmos ao seu lado por alguns instantes ao longo deste Tempo do Advento que nos separa do Natal do Senhor. Quem sabe, juntos, nossos olhos se abram para o essencial. Neste tempo, a nossa maior convicção chama-se ESPERA! Desde já agradecido(a)s, nos despedimos com um… Fraterno abraço!